sexta-feira, 5 de junho de 2009

Tintoretto

Jacopo Robusti (o seu pai era tintureiro. Tintore em italiano, e o pintor ficou conhecido como Tintoretto) foi o maior pintor que Veneza conheceu, depois de Ticiano. Nasceu na Ilha-República e raramente saiu de suas praias, restringindo seus interesses à vida familiar e à arte. Foi grandemente influenciado para efervescência do movimento religioso da Contra-Reforma e buscou, por meio de sua arte, concretizar uma visão altamente subjectiva e pessoal, que se recusava a ficar presa às regras renascentistas do equilíbrio formal e do naturalismo. Mestre do desenho, fascinado pelo corpo humano em movimento, criou uma quase infinita colecção de poses e gestos dramáticos e dinâmicos. Suas violentas distorções e a maneira original com que utilizava as cores dão a seu trabalho um tom quase alucinatório, antecipando o Barroco e o Maneirismo.
Tintoretto tinha sua marca pessoal é claramente reconhecível. A pincelada livre, solta, que Ticiano havia introduzido, tornou-se como que a caligrafia de Tintoretto. Alguns críticos qualificavam-na de áspera e incompleta. Mas essa qualidade “inacabada” concedeu à obra de Tintoretto um ar de modernidade, antecipando os impressionistas que viriam séculos depois. Nos últimos trabalhos de Tintoretto, essa tendência é levada ao extremo. A pincelada é rápida e brusca: a cor, fragmentada em fios de luz, e as figuras mais alongadas e acrobáticas que nunca. Algumas de suas obras finais consistem de uma interacção de sombras com as partes mais iluminadas e são pintadas quase exclusivamente em uma cor só.
Tintoretto foi um artista do comprometimento e da paixão. Embora fosse um exímio retratista e habilidoso decorador de grandes superfícies, era antes de tudo, um pintor visionário dos dramas religiosos. Na sua busca pela verdade do espírito, estava preparado para ir contra as noções de realismo e de acabamento, e era capaz de distorcer e até mesmo desfigurar o corpo humano, dominando um estilo único e inconfundível.

Obras







Márcia Oliveira, nº 15

Sem comentários:

Enviar um comentário